Que o atual Poder Executivo e Legislativo querem censurar os comediantes de verdade, que usam o humor como uma maneira leve de fazer crítica, ninguém tem dúvida. Mas, em outros artigos feitos por nós e por outros colunistas brasileiros, mostram que machismo, misoginia, racismo, gordofobia, capacitismo e outros preconcitos terminados em ‘ismo’ para o lado deles passa isento. ‘Quem tem transtornos mentais, tem um parafuso a menos’, ‘se o agressor for corintiano, tudo bem’, ‘se quiser bater em mulher, bate em outro lugar’, frases antisemitas contra os israelenses e a favor do Hamas, piadas com o Flávio Dino e entre outros comportamentos e frases sem nenhuma noção, o Lula sempre será imune.
Quando não há deboche e brincadeiras, há ignorância e revolta seletiva, pois o Brasil quebrou recordes atrás de recordes, como feminicídio, mortes contra homossexuais, queimadas na Amazônia, aumento do garimpo ilegal, cortes e mais cortes e entre outras coisas. Como já não bastasse isso, tivemos casos absurdos que passaram impunes, como a violência cometida pelo filho do Luiz Inácio [Lula da Silva], e duas agressões sofridas pela coordenadora do Movimento Brasil Livre (MBL), Amanda Vetorazzo, uma que foi apenas um tapa, e outra quando ela sofreu um linchamento que ocasionou uma perda de parte do cabelo.
O questionamento é o mesmo: “Se fosse o Bolsonaro tendo esse tipo de comportamento?”, aliás, os dados mais recentes mostram totalmente ao contrário do que o taxaram (como o Haddad), mas sempre haverá liberdade para um e censura para o outro. O pior de tudo é ver pessoas dizendo que não estamos nem perto de entrar em uma ditadura.
Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF/AFP